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quarta-feira, 12 de maio de 2010

ENTREVISTA "BANDA LATITUDE ZERO GRAU"


Como surgiu o lance da gravação do cd?

Anderson - Surgiu a partir de uma conversa que eu tive com o Glauber Ribat (voltz). A gente ficou das 5:00 até 11:00 numa padaria discutindo como seria. A principio eu queria que ele produzisse e assinasse o cd. Só que eu também não sabia muito bem como funcionava. A dificuldade maior foi em relação ao tempo de estúdio. Seria necessário muitas horas de gravação, contando com mixagem e masterização. Enfim, tava fora da nossa realidade em termos de grana por não sermos uma banda que vive só de música e, por sermos uma banda independente. Depois conversei novamente com o Glauber e ficou acertado dele fazer uma pré-produção do disco. Ele iria no estúdio apenas pra dar umas dicas e tal. Logo de cara ele pediu pra gravamos com guitarras americanas, já que as nossas eram coreanas. Pra gente foi um choque! Aí alugamos a guitarra do Lucas Godoi, uma Gibson antiga. A diferença foi enorme. Então sacamos que o Glauber sabia o que tava falando. A gravação foi bacana e até rápida se formos pensar que no mesmo dia das gravações tinha prova na facu, aniversário de um dos integrantes, cansaço... Mas a gente foi indo e acabou acontecendo mais ou menos dentro do programado.

Thiago – Programamos de gravar o cd até julho de 2009. Mas foi a partir de setembro que fechamos com o Estúdio over sonic estúdio. E a partir dai foi uma correria danada. Pensamos é agora ou nunca!


Mas a banda já tinha algumas músicas gravadas, não?

Anderson – As músicas que tocavam na rádio foram gravadas ao vivo durante o programa “por essas bandas”. Não era um lance profissional, tipo: com metrônomo, canais separados. A gente tinha que bota a cara e fazer ali durante a programação.

Então pra galera que ouviu o som da banda na rádio e ouvir agora o cd com certeza vai perceber que ta com outra pegada né?

Anderson – Sim! Ta com outro timbre, ta bem diferente!

Gustavo – Entre a primeira e a segunda versão o público vai perceber que a banda amadureceu.

Anderson - Eu considero que 80° do cd ta com a cara da banda. Que foi produzido através do esforço da banda. Só não ta 100° porque não teve um produtor, tempo e grana. Mas eu acho que é um cd forte.


Juba – É importante dizer que teve muita gente que ajudou, que apostou na banda sem ganhar um puto, que comprou a nossa idéia. Foi um esforço nosso, mas teve muita gente ajudando pro lance acontecer.

Anderson – Algumas pessoas foram fundamentais senão o lance não teria acontecido. O cd, a arte, o Marcos, a Luana, a gráfica. Quando você trabalha e estuda é complicado.

Gustavo – Foi uma correria total. Mas tivemos esse mérito de passar um tempo dentro do estúdio, vendo desenho, logo,tocando ... Das canções do cd, qual vocês ouviram depois e pensaram, pó essa ficou do caralho!


Anderson - Há divergências porque cada um da banda tem uma opinião diferente.

Juba – Tem a mais conhecida “amor sincero e diversão", mas eu aposto na música “eu estou cansado”.


Anderson – A que mais me surpreendeu foi “As maiores mentira do mundo” porque no ensaio rolava legal só que eu fiquei com medo que talvez na hora da gravação a identidade da música pudesse ficar comprometida no jeito de cantar, de tocar sabe! Tinha que ser uma pegada do mal, sabe como é? Com um ritmo preciso. Com uma contagem batendo na cabeça do compasso. Por isso essa música surpreendeu muito. E contou também com a participação especial do Fernando bozo (voltz) nos teclados que acabou dando um than a mais na coisa toda. Eu considero meio nickei park, um som diferente, nada muito parecido com charlie brown que tem um lance meio chupetado. Era a gente ali. Então saiu meio metal, meio rock, sei lá o que foi aquilo. E a gente é a gente mesmo, sei lá cara, foi muito loco!

Juba – E tem também um pouco da influência do Gustavo (Guitarra), da pegada que ele tem na hora de tocar, e ele faz uma mistura com o estilo do Anderson (Vocal) que também gosta de rap , saiu um pouco de tudo.

A banda tem um estilo próprio, com referencias claro, e o Anderson é um bom letrista também. Nesse sentido o que vem primeiro, a letra ou a melodia? Como é o processo de criação da banda?

Thiago – São cinco neguinhos na banda, cada um tem uma influência diferente.


Gustavo – A gente não exclui nenhuma. A gente faz questão de colher todas as opiniões. Esse é o grande diferencial.A gente não traça uma linha, tipo, vamos por aqui e tal.A banda ta sempre captando coisas. Enfim, a gente não fecha nenhuma porta na hora de compor. Tanto é que estamos produzindo novas músicas que podem soar totalmente diferente desse CD que a gente acabou de lançar.

Anderson – Em relação à questão das composições que você perguntou, entre letra e música, oficialmente eu sou o letrista do LATITUDE, mas eu não faço questão de ser, até porque o Gustavo também escreve. Mas no meu caso esse lance de escrever acontece naturalmente. Eu contumo dizer que eu escrevo muito.Só que pra sair uma música demora bastante tempo. As maiores mentiras por exemplo, eu tinha o refrão há cerca de dois anos.O restante eu escrevi mais recentimente dentro do ônibus. Então até chegar a conclusão da música demora. [resumindo você quer dizer, se alguém da banda se abita a escrever, tenta a sorte...] (risos geral) É que o letrista costuma ter muito ciúmes das suas letras. No caso das melodias acontece a mesma coisa com o músico. Eu e o Gustavo formamos uma parceria muito boa e interessante porque eu nunca havia pensado nessa questão de colocar uma letra minha num arranjo de outra pessoa. Existem duas formas: A que eu componho letra e música na minha casa e depois mostro pra banda. Aí vem a segunda forma que conta com a opinião do Gustavo. Ele faz algumas modificações, a gente junta tudo e, como se fosse um franquestein as coisas vão se encaixando perfeitamente. É muito louco!

Gustavo – O que a gente gosta pra caramba é pegar um final de semana, fazer um macarrão, comprar umas bier’s e ficar tocando...

Que tipo de estratégia a banda pretende adotar para divulgar o CD daqui pra frente, tendo em vista o fim do Programa Por Essas bandas que foi um grande divulgador das bandas regionais na Rádio.

Anderson – cara a rádio é tudo, as gravadoras tão falindo, a Internet ta aí. Infelizmente eu to muito chateado com o que aconteceu com o rock. Esse estilo EMO ta tomando conta de tudo. Eu não consigo enxergar a nossa banda no meio de tudo isso. Tipo, você entra num site de banda EMO tem uns 200 mil acessos. Então caralho, cadê a galera que não gosta de EMO, que gosta do som da gente. Eu não tenho nada contra, acho até que tinham uns caras que já faziam isso antes. Só que agora ficou uma coisa muito direcionada pra esse público adolescente de 13 a 15 anos. A gente ta procurando novas formas pra aparecer. Uma das estratégias é continuar tocando na rádio. Inclusive já enviamos o nosso material novo, incluindo o Cd pra rádio. A gente sabe que é difícil!


Rafa – A gente ta sentindo na pele o quanto é difícil encontrar lugar pra tocar. Estivemos em São Paulo procurando algumas casas pra tocar. Até agora não aconteceu nada. Não encontramos um lugar que toca música independente, que dê uma oportunidade pra gente. A Banda ta percebendo que é difícil mesmo!





Anderson – O que alimenta a gente é saber que as músicas que tocou na rádio teve uma aceitação e uma identificação com o público porque o som do Latitude zero grau é bom, as letras são boas.Nesse sentido a gente tem um trabalho bastante consciente. Agora a forma de aparecer é complicado cara!

Mesmo assim algumas bandas daqui tão indo pra São Paulo com uma certa freqüência. Isso se deve ao fato de ter poucos lugares em são Jose pra tocar. Como a banda vê esse lance?

Rafa – Porque é lá que o lance acontece.Quando a banda consegue tocar lá o público se interessa e quer saber de onde a banda é. Quando a gente diz que é daqui de são jose o lance acontece com mais facilidade.

Juba – Em são jose é muito difícil trampar com música autoral porque a gente não tem espaço pra tocar.

A banda latitude zero grau tem um público que acompanha os shows e tudo, mas pruma cidade do tamanho e estrutura como a nossa, ainda é um público bem limitado não!

Anderson – Exatamente! Quando lançamos o cd eu achei que a gente tinha que ir pra São Paulo e arrebentar lá e ser descoberto por alguém que tivesse grana. Mas aí conversando com a banda decidimos que antes de ir pra São Paulo tínhamos que ter um reconhecimento aqui. A controvérsia é exatamente esse lance de não ter casa pra tocar. Na minha opinião o artista faz acontecer. Por exemplo, na época do Renato russo, os caras tocavam na praça. Isso pra mim é ser artista. A banda não tem que ficar esperando a casa muito louca, um público muito louco. Tem que se mostrar. Numa entrevista, a Tânia Carrero ( que diga-se de passagem é linda!) disse que se você é jovem não pode ter medo de se arriscar. Não importa se as pessoas vão dizer que você é ridículo. Nesse sentido não temos nada a perder se a gente pegar o nosso Cd e ir pros bares tocar.Não importa se vamos ganhar só a grana do cover ou livrar só a gasolina. O importante é mostrar o que a gente sabe fazer. Ta difícil pro Mack, pro Voltz, Caos... O Mack zero 5, por exemplo, ta com um material muito legal. Isso é se sobressair diante das dificuldades. A gente pretende fazer shows acústicos por toda a cidade.

E tendo um material na mão é legal porque além da divulgação, a banda também pode vender o CD nos locais dos shows né.

Anderson – Ter um material pra mostrar é tudo. Em relação ao público, boa parte são nossos amigos ou pessoas que ouviram o nosso som na rádio.


Gustavo- o nosso público ainda é de camaradas que vão ao show, te dá um tapinha nas costas e Diz: Eh aí bhother, como ta?


Anderson – Quando tinha o programa na rádio aconteceu o contrário. Nos shows começou a aparecer pessoas que a gente não conhecia. A rádio proporcionou isso. Inclusive, conhecemos uma garota da Romênia que ouviu o nosso som na rádio e depois foi ao show, e já estava cantando música que a gente nem tinha gravado em cd ainda. Essas coisas são bem legais pruma banda. O apoio dos nossos amigos é indispensável, claro! Agora comparando ao tamanho da nossa cidade, a gente quer alcançar um público bem maior.

Houve uma grande expectativa, tanto de público, quanto das bandas em relação a abertura do Lounge Por Essas Bandas que, seria mais um espaço pras bandas daqui tocarem. Na sua opinião Anderson, o que deu errado?


Anderson – Vou tentar ser conclusivo! Sabe quando a Manu Magalhães pegou a música dela e lançou na Internet e de repente estourou! Sabe quando um cara faz uma música com um refrão “ Para dançar la Bamba...” Sabe quando um cara abre uma casa lá no cu do mundo chamada QI 180 e sai no jornal que o tempo de vida de uma casa noturna é de três anos. O QI ficou aberta durante 7 anos e só fechou porque a fiscalização não quis por forças maiores. O Hocus Pocus ta com a agenda lotada... Então eu acho assim, têm coisas que nascem pra dar certo e têm coisas que nascem pra não dar certo! O lance do Beto pra mim é como um efeito dominó. Quando surgiu o Dama Rock que era uma puta de uma casa, tinha um som do caralho, bandas do caralho que vinham de São Paulo e, de repente você chegava lá tinha uma meia dúzia de pessoas. O cara não conseguiu manter e aí acabou falindo. Então eu acho que o Beto teve uma idéia legal, arriscada e corajosa. Mas infelizmente não virou. Talvez pela localização, falta de divulgação, não ter terminado a casa, enfim... O público de são Jose é muito bitolado nesse lance de trampar na gm, embraer, etc... Esse lance da curtição vem depois. Por exemplo, Taubaté que é uma cidade bem menor, você vê gente na praça tocando violão. Em são Jose as pessoas são bem dispersas e não estão abertas pra novas coisas.

Thiago - Por exemplo, você vai no PUB ouve uma banda tocar, na semana seguinte é outra banda, só que o som que toca é o mesmo da semana anterior.E, no entanto ta sempre cheio. A impressão que dá é que as pessoas querem sempre o mesmo.

Anderson - São Jose é a única cidade no MUNDO que faliu um mc donald’s e um carefour. Cara não é bricadeira não! Pra gente que toca é uma pena ter acabado o programa por essas bandas na rádio, é uma pena ter fechado o lounge, mas já foi. Vamos em frente.


Finalizações da Banda...

Gustavo – Estamos trampando pra caralho, respirando música, com dificuldades e obstáculos, mas continuamos sonhando com esse lance de fazer música, tocar em lugares diferentes e fazer com que o público tenha cada vez mais acesso as nossas músicas. Essa semana uma garota que trabalha comigo, só que em outro setor chegou pra mim e disse que a irmã dela de 14 anos é fanática pela nossa banda e ouve direto o som da gente na Internet. Eu dei um Cd pra ela dar de presente pra irmã dela. Posteriormente, eu fiquei sabendo que a irmã dela até chorou. Isso pra gente não tem preço.

Rafa – Outro dia, eu peguei o ônibus e tinha um cara ouvindo a nossa música no celular. Pensei: caramba, que da hora!

Anderson – Eu quero dizer que to muito orgulhoso da banda porque quando a gente ta tocando eu percebo que é isso que a gente quer! Então quando a banda toda quer, as coisas acabam acontecendo. Eu sou muito otimista e sei que vamos colher muitas coisas boas. Seja daqui há 10, 20, 50 anos a gente vai ser recompensado porque as pessoas estão ouvindo a nossa música.
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O CD DA BANDA JÁ ESTÁ A VENDA!!!
aGRADECIMENTOS:
  • TODOS DO hOCUS pOCUS
  • BANDA LATITUDE ZERO GRAU

VALEU / selmer...

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