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segunda-feira, 27 de julho de 2009

E N T R E V I S T A : Canastra/RJ-27 de Agosto de 2008


Selmer – Bom, gostaria que você falasse dos seus projetos e agora como batera no Canastra.
Barba - Eu entrei na banda no começo do ano. Eu já era fã da banda desde o começo quando ainda era o batera Marcelo callado que foi tocar com o Caetano. Eu Já toquei na banda Latuya de um amigo meu.Até gravamos o disco juntos, mas eu não continuei tocando com eles. Agora to tocando no canastra .É isso cara..tocando...
selmer - No programa Ensaio da cultura você disse na época ainda como baterista do Los hermanos que se considerava bastante auto-didata na questão musical.Que tirava o som de ouvido.O que mudou de lá pra cá? Porque evidentemente só se evolui tocando.
Barba - Tocando com gente diferente, buscando professores, parcerias, uma boa galera pra tocar junto.É isso que vale a pena .Se mostrar, dar a cara a tapa, errar. E de repente neguinho falar “pô você errou”. É isso que faz essa parada.
selmer - Eu fiz essa pergunta porque ouvindo você tocar no canastra aparece bem essa diferença.
Barba - "Mas é diferente cara!" No Los Hermanos era uma coisa muito mais ...como eu vou dizer...muito mais canção, eu acho. Era muito mais pra dar ênfase ao que estava sendo falado.O instrumental era uma coisa muito mais de sala do que em primeiro plano. Aqui no canastra tem uma pegada diferente. Tem uma parada instrumental que é uma coisa de Big band .Os arranjos tem uma importância com a melodia, com a harmonia e a canção. No Los Hermanos era a canção, depois vinha... sabe. “Tinha que se situar mesmo!” Nesse sentido a banda toda tem que andar junto. A parada tem que funcionar bem. A guitarra e a voz em primeiro plano.A diferença é essa. O que mudou é que aqui no Canastra eu posso ir mais do que lá no Los Hermanos. Não que lá seja melhor ou pior. É diferente. Lá era bom porque tinha que manter o negócio bonito, fazer o arranjo bonito e tranqüilo pra coisa acontecer.Que foi exatamente o que caracterizou a banda ..
Selmer - Canastra me lembra uma época em que as pessoas se reuniam ao redor da mesa pra jogar, bater um papo, ouvir música.O som de vocês trás muitas influências de uma época boa da música.Tem uma certa nostalgia nisso tudo?
Renato Martins - EU NÃO GOSTO MUITO DESSA PALAVRA NOSTALGIA!A GENTE GOSTA DE SOM ANTIGO.MAS TAMBÉM É uma busca de uma referência pra algo.O som do canastra no contexto geral das bandas soa diferente. Essa foi a primeira idéia. Buscar uma coisa que no cenário das bandas soasse diferente e, conseqüentemente a gente não houve muita coisa moderna.É questão de gosto mesmo,sabe. Até a parte do baixo acústico por exemplo, é uma sonoridade que a gente gosta. As guitarras acústicas,os metais.(acaba criando essa atmosfera) É .. Por exemplo, eu não tenho nada contra a guitar band, sabe. Mas é uma sonoridade que eu não curto tanto quanto as outras coisas.
selmer - Quando eu disse nostalgia não era exatamente na essência da palavra, mas com a intenção de resgatar algo que acaba ficando.
Renato Martins - É que na verdade a banda queria mesmo era mostrar um projeto que tivesse um por quê! Entendeu! Tipo...alguma coisa que justificasse aquilo.A gente acha que esse tipo de som que a gente faz não ta sendo representado, a gente quer representar...( tanto é que vocês participaram de vários festivais e essa foi a diferença que fez com que vocês aparecessem.)
Renato Martins - No primeiro momento a gente achava que não conseguiria se encaixar em festivais, em shows com outras bandas pela diferença de som.Tipo regra de três que tocou aqui hoje.Eles tocaram três músicas dos Los Hermanos que o barba toca, que a gente conhece,mas assim... a gente tinha uma pretensão “ E é pretensão mesmo!” de fazer uma parada que tivesse um referencial, que fosse diferente.Só que aos poucos a gente foi vendo que isso se encaixava com todo mundo. Isso que você tava falando que de certa forma permanece na memória de todo mundo.Elvis e outros tipos de som. Assim, sabe. Pré-Rock n' roll.
Selmer – Alias, eu tava vendo a banda tocar e lembrei de um filme lá do começo que conta a história do Rock n’ roll...Não que seja uma copia, até porque eu vejo mais como influência.
Renato Martins - Não!.. Porque não tem essa de não copiar alguma coisa.Tudo se baseia em referências.
Selmer - Quando eu falo que vocês tiveram um destaque legal em 2007, tem a ver com as bandas de hoje. Quando surge uma banda como a de vocês, com um estilo diferente vira um auê.Como referência, vocês acham que vão surgir outras bandas com formado igual ou parecido...
Renato Martins - Eu não sei. Não é uma preocupação, sabe. Porque a gente representa um tipo de som que a gente gosta e, que a gente percebeu que outras pessoas curtiam. São duas coisas.Uma é fazer o que a gente gosta.A outra é ver a possibilidade de uma nova sonoridade....Acho que a gente busca essas referências, mas de alguma forma a gente é contemporâneo. Se você ouvir o disco não tem muito purismo. Tem elementos muito atuais. Então é assim um flesh dessas duas épocas.Uma época mais antiga... E não tem aquela coisa tipo “Estamos aqui, mas gostaríamos de estar há sessenta anos atrás”. Não! A gente ta aqui. Até porque tem uma galera nova que está aí curtindo o som do Canastra que de repente nem conhece aquele som das antigas.....
Selmer – No Rio de Janeiro tem sempre a questão que no final das contas tudo acaba em festa.O som do canastra ta relacionado a essa questão. Como é isso cara? rsrsrs...
Renato Martins - Eu não sei cara.Tipo.Rio de janeiro é algo meio emblemático porque os sons são muito expansivos e, enfim...Mas pra tocar por exemplo, é um drama atualmente a cena assim, sabe. A gente também não quer ficar restrito ao rótulo de funk do rio, nem a banda disso ou daquilo. Na verdade a gente tem uma parada de juntar o máximo possível. A gente não quer ficar tocando só numa tribo. A gente entende que música é pra todo mundo. Por isso voltando aquela pergunta inicial, esse clima das referências também passa por aí, sabe. A gente curte pra caralho Frank Sinatra, Elvis. Isso é universal. A gente acredita muito nisso.Que a música pode romper barreiras. Lá no Rio a gente sofre muito com essa coisa da música brasileira.Tudo se baseia em música brasileira. Bem ou mal é a cidade do samba e, não sei o quê. A gente gosta de samba pra caralho, gosta da cidade. (interrupção para autográfo)....As letras também, tudo sabe...E, que traga informações. Isso que você falou da galera que tava curtindo o som e, que de repente nem conhecia essas referências. A gente tem pretensão que por intermédio da banda, neguinho vá buscar essa informação. A gente vive num tempo que a informação ta disponível. Então pô, você pode correr atrás e buscar várias coisas. A gente pesquisa muito som pra tocar e pra bolar arranjos. E é meio paradoxo. A gente pesquisa som antigo, mas a nossa maior fonte é a Internet. É engraçado porque se fosse há 20, 30 anos atrás, a gente não conseguiria a quantidade de referências que temos hoje. Isso é maravilhoso..

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